quero ter todas as idades, ser velhíssimo , vetusto, milenar, pré-histórico, mineral, as vísceras primevas dos começos, quero que digam e ajam em mim, os futuros últimos dos últimos úteros do infinito passado, ir fundo no fundo sem fim do poço dos tempos e alcançar os espaços das encruzilhadas do muito antes e do muito depois de todas as impossibilidades inexistentes, abraçá-las, beijar seus lábios, sugar suas línguas, sem míngua, sem íngua, e puxar pra mim o que poderia ter sido e nunca foi: as eras geológicas improváveis, os seres todos que começaram, esboçaram, se insinuaram, e pararam, por um motivo qualquer, de acontecer, de tecer os seus jeitos de ser, quero ser velho, velhíssimo, ancião, o Noé patriarca de uma diversa arca, a salvar do dilúvio todas as espécies lúdicas, lúcidas em suas músicas e em suas túnicas de serem únicas, em suas guerras púnicas a favor do louvor do amor de combater a dor de todo terror; quero ser o Adão adâmico sem culpa, sem desculpa, me deixando le...
“O fato de Balzac ter sido forçado a ir contra as próprias simpatias de classe e os seus preconceitos políticos, o fato de ter visto o fim inelutável de seus tão estimados aristocratas e de os ter descrito como não merecendo melhor sorte e o fato ainda de ter visto os verdadeiros homens do futuro no único sítio onde, na época, podiam ser encontrados, tudo isso eu considero como um dos maiores triunfos do realismo e uma das características mais notáveis de Balzac”. Friedrich Engels, 1888