No ano x , y foi à rua w e comprou uma pistola calibre progresso. No ano x + 10, y chegou a sua casa e desfechou tiros contra o corpo. Depois de morto, y foi aludido num telejornal. Neste, seu suicídio não significava nada. Apenas mais um morrera. No entanto, o silêncio, dissimulado em indiferença, dominou de tal maneira os expectadores que era sem dúvida um sinistro aviso coletivo. Y talvez fosse a liberdade? A desmassificação? O homem que se inventa? A mulher que se desmasculiniza? O desejo desejado enfim inscrito na ponta outra do outro que deseja, formando impossíveis? De qualquer modo, estava morto pelas próprias mãos, pelo próprio tiro, pela própria bala.
“O fato de Balzac ter sido forçado a ir contra as próprias simpatias de classe e os seus preconceitos políticos, o fato de ter visto o fim inelutável de seus tão estimados aristocratas e de os ter descrito como não merecendo melhor sorte e o fato ainda de ter visto os verdadeiros homens do futuro no único sítio onde, na época, podiam ser encontrados, tudo isso eu considero como um dos maiores triunfos do realismo e uma das características mais notáveis de Balzac”. Friedrich Engels, 1888