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talvez

talvez fosse em algum lugar remoto, talvez não. agora era pra dizer que
seu logos espermatikos, agostiniano, possibilitava falar babelmente. E já não era uma fala de sentenças, sintagmas congelados, vozes audíveis, inteligíveis. Era o sentido dos sentidos, singular pluralizado. A proposição de que cada palavra instaura a loucura de seu fragmento e de sua totalidade, como corpo, como se fizesse a imagem-corpo do corpo de si, de sua fala falante de flores espinhos do mundo. alguma palavra muda falante que dissesse de si, e de todas as coisas possíveis e impossíveis. palavra implosão, explodindo na ponta da língua de sua sonoridade gutural, saída do vazio da voz, no lugar onde o nome próprio já não é, de tanto ser e não ser. um nome próprio impróprio que fosse a encarnação de todos os nomes próprios impróprios existentes, existidos, por existir. um passado, presente, futuro, no em si de seu não si. palavra cursiva no curso urso de seu uso só, pescando peixes nos frios rios precipitados das artérias da alegria. e seu sangue ecoa e escoa pelos corredores de uma palavra única, indicação flutuante de fantasmas, caras, dores, passos, brincadeiras, ruas, bichos, cobras, sapos, rãs, protozoários deflagrando o cheiro no tato de suas vozes, insolúveis, solúveis na química de sua dimensionalidade menor. e a vida ressuscita do pouco, e a vida se lança nos morros, e já não morremos, no diluído de falar de coisa nenhuma, neste poema que se perde, e se acha no não ser poesia, na manha de ficar assim, preguiçosamente, só na manha, e se apontasse o dedo para o locus instituído, decretado, do fazer profissionalizado? já seria pensar que se faz, para ritualizar a impossibilidade de fazer, de pensar, de poemar, no espaço acadêmico, de todos os lugares eleitos como tais para acontecer o que não pode fazer-se acontecido, pois seu sido está ido, naquilo que só acontece como texto da cena de outros que não somos, e fomos na fome fingida de saturar a fratura alheia, no momento mesmo em que nos alheamos de nós, do que gostaria de correr, pular, voar, gritar, saltar, avacalhar, abraçar, beijar, ficar nu, vestir a roupa da trama destramada de não fazer drama, e apresentar-me assim, naquilo que escondo e mostro e escondo, e não sou eu, e já é um cara, que também está na frente, devendo ficar atrás, adiantado no seu retardamento de não ter posse, de embriagar-se com a bebida de seu gozo, no gozo alcoolizado do delírio de potencializar a potência de estar/ser outra coisa, mutabilizando nisso que não sou,linguagem, fala, escrita, código, e decodifico minha letra na sua letra, e lento o vento de seu bocejo me acorda para dormir, e sonhar, sonhar, comigo, seduzindo, no jeito de assustar a moral de sua oral oração nbvxcgbybhnvbv vbbbggb depravada de privar-se do amor, que é a vida de estar vivo, o motivo incondicionado de olhar, pulsar, e insistir, na resistência ao que nos mata, e nos ata à sorte do princípio de prazer absoluto dos lutos, vulto do ganhador, que nos perde quando nos achamos para não ganhar ou perder, errar, viver, no plano em que nos aproximamos de nossas distâncias, que de perto, tão perto, tão simplesmente nuvem cama luzes flutuantes de céus ao alcance das mãos, estas já não podem pegar, é proibido tocar, segurar, saltar, o altar do que sopra aqui, mulher, homem, criança, mãe, pai, amigos, amigas, estranhos, pássaros, traços do vôo que não voamos, da paisagem que não foi vista, da palavra que não falamos, impronunciável, na boca que quer, e desiste na insistência da morte, vantagem das margens de rios assépticos, sem traíra, traído, traindo, tá indo com o que não sei, mas sinto, como todos os seres, neste momento de liberdade escrita no palimpsesto da lei para nós, liticamente, que posso, podemos, morrer de viver ou viver de morrer?

Comentários

UM QUIÇA EM LINHA RETA

Talvez se viva mesmo na era da cegueira, mas hoje, mais que na era barroca, a imagem vazia ou excessivamente expressiva domina. Pode ser que alguém dentro do paradigma comum da relação massa corporal versus peso, das palavras ordenadas segundo as normas da sintaxe ou alguma pessoa jovem e promissora, que quer ser apenas um a mais do estereotipo atual, não viva problemas de rejeição alheia.

Um dos primeiros obstáculos a transpor é a idade. As identidades não se acompanham das cronologias, mas sabe-se que a maioria das pessoas não deixa de associá-las. Há pelo menos quatro situações em que as personae mais maduras padecem com a idade. Eis aqui algumas máximas que variam do talvez ao presumido preconceito contra os que têm mais de 30 (anos, por favor, isso não é Ybiraçu – grande amigo!):
a) só vivem para a foda (imagine-se o canhestro disso, porque ninguém permanece a mesma pessoa durante 24; com tal preconceito, se despreza a diversidade e a ubiqüidade do próprio pensamento);
b) vêem o sexo com um descarrego de hormônios, e não se interessam com o que (reentrância ou saliência) se copula (admitamos: há quem o faça e em algum momento todos (ou quase) passamos por essa fase, mas não o vejo assim tão associado à maturidade, mas, sim, ao tesão de cada pessoa);
c) que lhes faltam a tais pessoas perspectivas de vida, ou não se interessam pelo futuro (é vero, muitas assim nos nos cercam e somos a minoria na posse da consciência daquilo que podemos vir a ser e batalhar por isso. Quem não detestou ser depreciado(a) pelo detalhe mais ínfimo?;
d) se usarem um visual mais agressivo ou não-convencional, deverão ser pessoas frias, pouco sérias ou insensíveis. Talvez. Fique a critério de cada um. Há quem não seja exclusivamente pacifista, mas isso é apenas um reflexo de certo aspecto da personalidade de cada um, não de sua totalidade.

Talvez.
Ana Guimarães disse…
Bom. Mas talvez - só talvez - fique melhor ainda quando, seguindo o curso natural de seu próprio rio, as águas começarem a desaguar em terras de sim ou não: você mesmo não disse, em outro texto, que já é hora de desconstruir a desconstrução?
Renata Bomfim disse…
[...]delírio de potencializar a potência de estar/ser outra coisa [...]

Caro amigo- poeta,sua escrita "esquisosedutora" desperta a minha louca desejante das utopias!
Dou um descanso à manicurada e viajo... e sinto vontade de escrever!
não é bárbaro?
obrigada!
abraços

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