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eu destronado

/A arte é o que faz ser a vida mais interessante que a arte/



quem me quer como eu nem sequer me quero?
entre o destronado reino sem fim das necessidades
e o privilégio do reino das exclusividades,
quais mins de mim fechariam comigo,
se eu me destronasse todo no primeiro?
quem me amaria a mim entre as pessoas que dizem me amar,
se este homem aqui, olhem, que mal conheço
este aqui, olhem, que mal concebo
e mesmo assim é o que justifica toda uma existência
este que abriga toda a coragem
presente e ausente.
em qualquer ente,
que sente,
se este homem em mim fosse todo eu?

este que pode perder o caminho de casa
e achar os caminhos do mundo
que pode simplesmente ignorar
os conluios de não:
ao sonho,
à justiça aos injustiçados
à liberação da mulher e do homem
- do entorpecimento de suas domesticadas paixões -
à proliferação, em cascata,
de amores,
de furores,
de cantores,
de outros valores
que não sejam os dos impérios dos horrores,
dos terrores dos impostores
dos sensatos traidores de louvores
- espalhados por todos os lados e rincões -

e dizer sim, um SIM sem tamanho,
a outras vontades de Sim, por aí,
e, com elas, desafiar todo o mortal
sequestro de nós por nós mesmos
pra, em começo,
olhar como nunca olhou
tocar como nunca tocou
escutar como nunca escutou
provar como nunca provou
cheirar como nunca cheirou
num inverso e reverso e diverso,
universo de rasos fundos sentidos
acessíveis :
um dia e outro
ao operário,
ao imigrante
ao perdido
ao analfabeto
à mulher qualquer
à criança sem esperança
ao índio em extermínio
ao gay atrás do sexo de ninguém
a todos filhos e filhas,
da orfandade reféns,
ampliados
ilimitados
visionários,
em explosões,

de soluções
de imantações
de sensações
de concatenações
de imaginações
de realizações,

no fim da minha quaresma
na era das minhas ressurreições,
quais eus de mim e fora de mim,
comigo, seguiriam, ainda assim,
os passos das minhas paixões?

Comentários

muito bom blog o seu. Parabens e boa noite.
Muito bem escrito.

Maurizio
Raquel disse…
Podemos fazer da nossa vida uma grande arte, se quisermos!
Adorei o texto!!!
Beijos
http://sex-appeal.zip.net
http://cara-nova.zip.net
Lyra disse…
Espaços que se cruzam,
palavras que se encaixam,
sorrisos imaginários que se entrelaçam,
confidências que se armazenam.
Assim nascem as amizades virtuais...

Obrigada pela tua!

Adoro ler tudo o que escreves!

Beijinhos e até breve.

;O)
Jaqueline Sales disse…
Belos e silibantes Uivoooooooooosss, meu caro poeta. Você escreve com a alma, por isso suas palavras provocam emoção, comoção e inquietação.

Obrigada pela visita.

BeijUivoooooooooooossss da Loba
lula eurico disse…
Um questionamento muito forte e profundo pode também fecundar poesia...
Abraçamigo.
Joice Worm disse…
Você é um poço de vocabulário Eustáquio (Diga-me como gosta de ser chamado, Luís? Professor?).
Adoro quando escreve com as palavras a ir e vir... Dá-me uma moleza cerebral que parece que me deixo levar sem me importar!
Dora disse…
Caro Luís Eustáquio.Encontrei seu blog.
E li o "eu destronado".
Encantei-me.
Os seus "mins" abarcam o Eu fragmentado nas manifestações do mundo. São múltiplos, já que a multplicidade faz parte da vida.
Os seus "eus" de dentro e de fora estão imersos nas paixões e nas causas justas das "minorias".
Quem não amaria esse conjunto de eus?
Eu amaria, sem receio, o poeta-cantador, destronado(?)que acolhe as vontades do Sim e não tolera os "conluios" do Não.
Poema extenso. Mas, que não perdeu o fio e o prumo inicial.
Abraço.
Dora Vilela
Dauri Batisti disse…
Gostei do texto. Mas gostei especialmente da primeira parte. Lindo.
Sandra Fonseca disse…
Belíssimo texto. Os reversos, os revés, sim e não nos versos de um homem.
Beijo.
Jacinta Dantas disse…
Ando procurando o lugar dos meus eus destronados.
É professor, por aqui passo, leio, deixo-me assimilar e me encontrar nas suas letras... sem pressa.
Milady disse…
Nossa... que relapsa que sou... ná aparecia por aqui tem tempo...

Como perdi coisas boas...

beijos
Lyra disse…
Peço desculpa pela minha ausência...mas às vezes a vida dá voltas inesperadas e o chão parece que nos foge... Torna-se necessário “recolhermo-nos” um pouco, fugir do mundo e fazer uma introspecção profunda. É isso que tenho feito e por isso não te tenho vindo visitar...

A verdade é que me sinto no meio das trevas, onde sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a própria vida é o único segredo...

Quando estiver mais...animada...voltarei aqui...

Beijinhos e desculpa
layla lauar disse…
Alguém há de querer...todos esses seus "eus" destronados e que poetam com tanto sentimento.

Colocando a leitura em dia, já que estive ausente por muito tempo. e, como sempre, adorando tudo que leio aqui.

um beijo Poeta!
Renata Bomfim disse…
Olá Luis, adorei o teu poema, ele me lembrou o mito do nascimento do amor. Na festa de Afrodite, a necessidade/ miséria/ou falta, faz amor com Póros, deus das possibilidades,da abundância, união improvável, mas frutífera...
Forte abraço!
te vejo na UFES esta semana
renata
i disse…
Salve, Luis! Sempre admirando seus poemas. Quanto a mim, mudei de endereço, e o novo é:
http://opensadorselvagem.org/blog/diegoviana
Passe quando puder.
Um abraço
Diego
Gabriela Galvão disse…
Eita q eu voltei na hora certa!!!

Tô numa fase assim... Ñ eh "quem eu quero ñ me quer" nem "ngm me ama, ngm me quer", mas...

Estou querendo querer e q alguém me queira!

Serah q rola fazer uma listinha q eu msma disse q faria (mas ñ fiz pq ñ sou dada a listas...)?

Eh a d situações "eu me pegaria por isto", hahahahah

Am... Então, tah, Luis!!!

Abraço!
O operário, o imigrante, o bandido, o leitor, o analfabeto, o ambicioso, o que quer o mundo, o que fala por si, o que grita por todos nós que esquecemos as palavras em algum lugar entre a nossa terra e aquela onde o rio está. Todos esses fechariam com o homem que ama, sempre que precisassem dizer: amar.
Um abraço ao professor-poeta-professor!
E até fiz rima sem querer...quando o assunto delira, a rima vem de açoite! rsrs

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