quis escrever um conto. Os dedos começaram primeiro que eu, digitalizando. então pensei no como os dedos podem digitalizar sem mim, como podem ter memória própria, escrever e escrever-se, assim, como quem escreve e se escreve, a história biográfica da memória testemunhal de um dedo.
e o dedo, ou os dedos, começaram a... se... e ficaram com preguiça. passado um tempo, por preguiça de freqüentar outros ofícios, de fazer outras coisas que tinha que fazer, naquele momento depois agora, depois daquela outra preguiça, entrei finalmente neste arquivo e vi o texto aqui inacabado, pensei que talvez já pudesse estar ou ficar inacabadamente pronto ou prontamente inacabado se apenas deixasse ele, este aqui, acabar no ficaram com preguiça, mas os dedos começaram a recuperar a sua memória digitalizante e começaram a escrever novamente, e escreveram até aqui, até aqui, até aqui, até aqui, não vou dizer mais até aqui, pra não enjoar o leitor, e foram escrevendo até aqui porque eram dedos e dedos não são leitores, porque quem lê enquanto os dedos lêem sou eu, o leitor a ler enquanto os dedos digitalizam este conto, depois fui reconhecendo, os dedos a escrever, que este texto, até aqui, já dava um texto qualquer, que não sabia classificar, se dava um poema, se dava um conto, se dava qualquer coisa, e que qualquer coisa que desse tudo já estava dito, porque já seria uma experiência de escrever já experimentada alhures por outrem e que era inútil qualquer texto aqui até aqui de modo que eu já não tinha mais o que escrever ou o que vivenciar de escrita, daí a preguiça, ainda mais ser um texto de memória de dedos e dedos que já não falam, pelo menos até aqui, de memórias afetivas de cus ou de clitóris ou de paus ou de cabelos ou de rostos de peles de pêlos de quente de frio muito quente muito frio de nojos de medos de tocar as coisas desprezadas pelo nosso mundo, não os desses dedos, posso garantir, até aqui, não deles, mas de coisas recusadas, desprezadas, evitadas, por essa outra memória dentro das digitais cerebrais, dentro do mundo da cultura, das pessoas, a empurrar seus dedos, com nojo, com medo, com pavor, não os dedos, mas as pessoas, nas coisas abjetas, não pros dedos, deste mundo, porque as memórias dos dedos não as posso escrever, eu que as escrevo, através desses dedos, senão através dos dedos, dos dedos só dedos, embora reconheça, quem? , os dedos reconhecem que algo invade seu movimento, algo escreve através deles, algo diz neles, algo intruso, insuportável, que nos apavora, os dedos, porque tira dos dedos o que neles é só tato, só vontade de tocar, de sentir os corpos do mundo, as coisas do mundo, tocando o molhado, o seco, o quente, o frio, o áspero, o liso, os buracos, os mucos, e tocando a tudo e na medida que a tudo toca pudesse construir a escrita de sua memória de tocar, sem a intromissão de um cérebro, uma pessoa, um nome, uma biografia, uma história, uma humanidade, deixando os dedos livres pra
e o intruso dizendo, sei, livre pra, não sei, até aqui, e como poderia, não sendo dedo, não sendo só dedos, com sua vida de dedos vividas através e por meio e com os outros dedos; eu não sei, até aqui, e eles, os dedos, também não sabem livros pra... livros não, que deveria ter dito livres, mas quem, quem deveria ter dito livres ao invés de livros dito livres, os dedos? os não dedos nos dedos? os dedos sem os seus não dedos?
nada importa, meter nas físicas das digitais, ou deveria ter dito nas metafísicas?, enquanto estes dedos, depois deste terremoto, esses outros dedos, alhures, distante de tão perto, perto de tão distante, enquanto eles, soterrados, junto com um corpo, esses dedos de menina paquistanesa, eles estiverem impossibilitados, debaixo dos escombros, de coçar o nariz, pois tudo está dito, e nada ainda foi feito, pouco importando que esses dedos daqui possam ser livres ou livros, sob e sobre escombros de lixos alheios.
e o dedo, ou os dedos, começaram a... se... e ficaram com preguiça. passado um tempo, por preguiça de freqüentar outros ofícios, de fazer outras coisas que tinha que fazer, naquele momento depois agora, depois daquela outra preguiça, entrei finalmente neste arquivo e vi o texto aqui inacabado, pensei que talvez já pudesse estar ou ficar inacabadamente pronto ou prontamente inacabado se apenas deixasse ele, este aqui, acabar no ficaram com preguiça, mas os dedos começaram a recuperar a sua memória digitalizante e começaram a escrever novamente, e escreveram até aqui, até aqui, até aqui, até aqui, não vou dizer mais até aqui, pra não enjoar o leitor, e foram escrevendo até aqui porque eram dedos e dedos não são leitores, porque quem lê enquanto os dedos lêem sou eu, o leitor a ler enquanto os dedos digitalizam este conto, depois fui reconhecendo, os dedos a escrever, que este texto, até aqui, já dava um texto qualquer, que não sabia classificar, se dava um poema, se dava um conto, se dava qualquer coisa, e que qualquer coisa que desse tudo já estava dito, porque já seria uma experiência de escrever já experimentada alhures por outrem e que era inútil qualquer texto aqui até aqui de modo que eu já não tinha mais o que escrever ou o que vivenciar de escrita, daí a preguiça, ainda mais ser um texto de memória de dedos e dedos que já não falam, pelo menos até aqui, de memórias afetivas de cus ou de clitóris ou de paus ou de cabelos ou de rostos de peles de pêlos de quente de frio muito quente muito frio de nojos de medos de tocar as coisas desprezadas pelo nosso mundo, não os desses dedos, posso garantir, até aqui, não deles, mas de coisas recusadas, desprezadas, evitadas, por essa outra memória dentro das digitais cerebrais, dentro do mundo da cultura, das pessoas, a empurrar seus dedos, com nojo, com medo, com pavor, não os dedos, mas as pessoas, nas coisas abjetas, não pros dedos, deste mundo, porque as memórias dos dedos não as posso escrever, eu que as escrevo, através desses dedos, senão através dos dedos, dos dedos só dedos, embora reconheça, quem? , os dedos reconhecem que algo invade seu movimento, algo escreve através deles, algo diz neles, algo intruso, insuportável, que nos apavora, os dedos, porque tira dos dedos o que neles é só tato, só vontade de tocar, de sentir os corpos do mundo, as coisas do mundo, tocando o molhado, o seco, o quente, o frio, o áspero, o liso, os buracos, os mucos, e tocando a tudo e na medida que a tudo toca pudesse construir a escrita de sua memória de tocar, sem a intromissão de um cérebro, uma pessoa, um nome, uma biografia, uma história, uma humanidade, deixando os dedos livres pra
e o intruso dizendo, sei, livre pra, não sei, até aqui, e como poderia, não sendo dedo, não sendo só dedos, com sua vida de dedos vividas através e por meio e com os outros dedos; eu não sei, até aqui, e eles, os dedos, também não sabem livros pra... livros não, que deveria ter dito livres, mas quem, quem deveria ter dito livres ao invés de livros dito livres, os dedos? os não dedos nos dedos? os dedos sem os seus não dedos?
nada importa, meter nas físicas das digitais, ou deveria ter dito nas metafísicas?, enquanto estes dedos, depois deste terremoto, esses outros dedos, alhures, distante de tão perto, perto de tão distante, enquanto eles, soterrados, junto com um corpo, esses dedos de menina paquistanesa, eles estiverem impossibilitados, debaixo dos escombros, de coçar o nariz, pois tudo está dito, e nada ainda foi feito, pouco importando que esses dedos daqui possam ser livres ou livros, sob e sobre escombros de lixos alheios.
Comentários
abraço
Maurizio
E as unhas pintadas de branco...
Mindinho
Anelar
Médio
Indica dor
Polegar
... Ao tactear os momes vou também contar quantas vezes escreves dedos...
e que memória têm na visão...
Bem gigo este conto diferente...
Bj das nuvens
gostei amigo!
Eu diria que paralelo às dedadas que nossa (nada anônima) Índia Potira (de Márcio Souza), pela incrível elaboração do dedo alheio no rabo próprio, tudo e nada se repetem em cada subjetividade, em cada cena de cada ser.
Mas, dir-me-iam "[...] porque já seria uma experiência [...] já experimentada alhures por outrem e que era inútil [...]". Sim, inútil porque expeririências alheias e alhures não movem o tesão próprio nem o próprio penar. Daí, o narrador pós-moderno dispensar os conselhos: quer experimentar dedos, digitais e analógias dadás: mesmo que sejam por meio de livres associações.
Aproveito para te desejar uma execelente semana.
Beijinhos e até breve.
;O)
fui lendo como se música fosse, então fui cantando. Esse texto, prá mim, tem musicalidade. E há dedos que apontam para lá...
Um abraço
Abraço, xará!
As vezes não consigo nada, enquanto tinha tudo.
Um abraço
Ui!
E olha que faz sentido!!
No bom dos sentidos...é claro.
Ham...!
Bjs
Beijo terno
Bjs...
Letícia
marthacorreaonline.blogspot.com
Estou buscando "resgatar a memória dos meus dedos" e exorcisar a "preguiça".estou escrevendo...
tirei férias do blog e de algumas outras coisitas e estou na labuta, logo te procuro para passarmos o texto.
Tudo bem contigo?
saudade amiga
Renata
Chegou a atura de eu tirar umas férias :O)))
Entretanto deixei, no meu blog, um “presente” para todos os meus amigos. Espero que gostem!
Tudo de bom para ti.
Beijinhos e até breve.
;O)
Eu sempre tento entender o tato: acho uma das coisas mais sensíveis de nós; daí aquela música, saindo um pouco do contexto: "Ando tão à flor da pele(...)" - você sabe o resto.
Abraço.
Obrigado pelos elogios desmedidos que dá a quem sequer os merece,
Calebe
http://sex-appeal.zip.net
http://cara-nova.zip.net