a manoel carlos
autor de globais novelas (a maneco)
1.
foda-se pra medicina,
nunca quis ser médico
com seus zumbis vestidos de branco
a saúde no caralho do carvalho
do orvalho do atalho do puteiro seleiro
do pássaro gente idiotamente feliz no viveiro
da farmêutica indútria do dinheiro
do patriarcado da ciência do galinheiro
tal que o galo é a esp(ora da porra
porrada do fuzileiro )
tal que pandora é a caixa sem surpresas
da mulher definida como colher na boca
do homem na guelra guerra do cozinheiro
do cadáver no bife na boca do vaqueiro
no surrealista movimento do sepultado
fodido conquistado cangaceiro
a medicina particular é o cúmulo do ridículo da
doença
a saúde q interessa está em outro lugar
temos que desneutorizar a vida,
temos que desedipianizar o mundo:
2.
você é édipo
se é drogado
e age como tal
se é bandido
e age como tal
se é mocinho
e age como tal
se é bom aluno
e age como tal
se é garanhão
e age como tal
se é bom pai
e age como tal
se é mafioso
e age como tal
se é poeta
e age como tal
você é édipo
se também não
age como tal
mas segundo tal
ou qual édipo
bem ou mal
você não é édipo
se age como tao
nos caminhos livres
de meu, seu, nosso
ou de outros possessivos
pronomes antropomorfoteológicos
3.
foda-se pra édipo
seja impossivelmente
seja outra
outra gente
fora da edípica
prisioneira corrente
de déficit ou de excedente
na conta-corrente
de pornô filme familiar
incestuosamente
quando dentro da gente
nem subjetivametne
nem objetivamente
pois importa a porta que se abre
fora do dentro édito de édipo
porque gente não é coisa
e coisa não é coisa
foda-se pra educação
edipianamente
seriamente
e sua aprendizagem de servidagem
foda-se pra medicina
tenha a saúde de um diabo
saiba e aprenda como
um professor que não seja
um aluno que não é
na plasticidade
alegremente
4.
o mundo está fora dos eixos
e eu, Hamlet eustáquio
bendita sorte!
Graças a deus e ao diabo
Graças à graça de existir
Sem deus e seu diabo
Que estou vivo
Neste tempo e neste lugar
Bendito seja!
O mundo está fora dos eixos
E eu vivo pra desordená-lo
Bendita felicidade de viver aqui e agora!
Que sortudo sou
Que inigualável experiência
Eu e o mundo
Em que me cabe viver
5.
Bendita sorte!
Se posso morrer pra desordenar o mundo
Se posso viver e não
Sem eu e comigo
Pra fazer de meus mundos
De meus melhores mundos
Sem mim
Porque o eu de mim
O mim de mim
Sempre produz misérias
6.
Se eu posso sem o mim de mim
bendito seja o mundo!
Sem eu
Sem nós
Sem ele
Sem tu
Sem gramática
Sem a ordem desordenada
Sem concordância
Verbal
Nominal
De gênero
Sem concordância
bendito seja o dia em que nasci
pra convergir absurdos
Impossibilidades
E assim não sendo
Sendo
Amar a vida que não é a minha
E ao mesmo tempo
Sendo a vida que é mais e menos que a minha
De qualquer um,
a vida no mundo
A única gramática
Que presta
A vida plenamente
Sem adjetivos
De qualque-r-um
Bendita sorte de viver
E não matar
De jeito algum
De, vidamente,
videntemente
evidentemente
viver
visionariamente
autor de globais novelas (a maneco)
1.
foda-se pra medicina,
nunca quis ser médico
com seus zumbis vestidos de branco
a saúde no caralho do carvalho
do orvalho do atalho do puteiro seleiro
do pássaro gente idiotamente feliz no viveiro
da farmêutica indútria do dinheiro
do patriarcado da ciência do galinheiro
tal que o galo é a esp(ora da porra
porrada do fuzileiro )
tal que pandora é a caixa sem surpresas
da mulher definida como colher na boca
do homem na guelra guerra do cozinheiro
do cadáver no bife na boca do vaqueiro
no surrealista movimento do sepultado
fodido conquistado cangaceiro
a medicina particular é o cúmulo do ridículo da
doença
a saúde q interessa está em outro lugar
temos que desneutorizar a vida,
temos que desedipianizar o mundo:
2.
você é édipo
se é drogado
e age como tal
se é bandido
e age como tal
se é mocinho
e age como tal
se é bom aluno
e age como tal
se é garanhão
e age como tal
se é bom pai
e age como tal
se é mafioso
e age como tal
se é poeta
e age como tal
você é édipo
se também não
age como tal
mas segundo tal
ou qual édipo
bem ou mal
você não é édipo
se age como tao
nos caminhos livres
de meu, seu, nosso
ou de outros possessivos
pronomes antropomorfoteológicos
3.
foda-se pra édipo
seja impossivelmente
seja outra
outra gente
fora da edípica
prisioneira corrente
de déficit ou de excedente
na conta-corrente
de pornô filme familiar
incestuosamente
quando dentro da gente
nem subjetivametne
nem objetivamente
pois importa a porta que se abre
fora do dentro édito de édipo
porque gente não é coisa
e coisa não é coisa
foda-se pra educação
edipianamente
seriamente
e sua aprendizagem de servidagem
foda-se pra medicina
tenha a saúde de um diabo
saiba e aprenda como
um professor que não seja
um aluno que não é
na plasticidade
alegremente
4.
o mundo está fora dos eixos
e eu, Hamlet eustáquio
bendita sorte!
Graças a deus e ao diabo
Graças à graça de existir
Sem deus e seu diabo
Que estou vivo
Neste tempo e neste lugar
Bendito seja!
O mundo está fora dos eixos
E eu vivo pra desordená-lo
Bendita felicidade de viver aqui e agora!
Que sortudo sou
Que inigualável experiência
Eu e o mundo
Em que me cabe viver
5.
Bendita sorte!
Se posso morrer pra desordenar o mundo
Se posso viver e não
Sem eu e comigo
Pra fazer de meus mundos
De meus melhores mundos
Sem mim
Porque o eu de mim
O mim de mim
Sempre produz misérias
6.
Se eu posso sem o mim de mim
bendito seja o mundo!
Sem eu
Sem nós
Sem ele
Sem tu
Sem gramática
Sem a ordem desordenada
Sem concordância
Verbal
Nominal
De gênero
Sem concordância
bendito seja o dia em que nasci
pra convergir absurdos
Impossibilidades
E assim não sendo
Sendo
Amar a vida que não é a minha
E ao mesmo tempo
Sendo a vida que é mais e menos que a minha
De qualquer um,
a vida no mundo
A única gramática
Que presta
A vida plenamente
Sem adjetivos
De qualque-r-um
Bendita sorte de viver
E não matar
De jeito algum
De, vidamente,
videntemente
evidentemente
viver
visionariamente
Comentários
Ai meu Deus!
Viajei legal nessa novela.
Grande abraço
abraços
renatabomfim
Feliz páscoa-chocolate-diarreia pra você! Não que eu deseje que você tenha diarreia, mas esse coelho FDP que bota tantos ovos de chocolate está doido para que tenhamos diarreia, não fatal, obviamente, senão, quem iria sustentá-lo, não é mesmo?
Marteladas... isso, marteladas...
evidentemente viver visionariamente."
É um grito, o poema. Um berro pra fora do eu. Uma voz que urge por mudanças, que quer ser outra... Que está cansada. "Seja impossivelmente..." Luis, a novela, é mais que uma novela, são capítulos por uma desesperada ânsia de mudar.
Beijo!
agradeço cada verso porque me faz refletir. Porque me faz saltar do conformismo e mergulhar na necessária análise da realidade indicando fortemente o caráter humano e a sincera exposição dos males sociais.
Um beijo!
Percebi que não é preciso sabermos desenhar bem para ilustrarmos ou "escrevermos" o que nos vai na alma através do desenho...E às vezes é bem mais fácil desenharmos o que nos vai na alma em..."silêncio"
E podem sempre adicionar o desenho ao vosso blog ou enviá-lo por e-mail a alguém.
www.sketchtag.com - visitem - vale mesmo a pena! Divirtam-se!
A novela c'est la vie, mas se ela vir, verá que la brève vie segue seu curso, qual Pandora tentadora pela praia num "maiô" lilás.
Então, o lance pode ser este: ligar o "foda-se" em pisca-pisca, e olhar pela janela lateral um trem no trilho, um milho ao sol ou um mato ralo deixando nu o chão.
Ou pôr o pé na lida, a enxada à mão, e ver que o pó, a peira e o vento ainda soam em voz e viola num canto qualquer, a despeito das medicinas de currais e cabeceiras de Maneco [man é cu]. Aquele abraço, Le Padre!
Saudades.
FAZ SINAL E FUMAÇA
ABRAÇOS
BOMFIM