limpando
o limpo
no limo do limbo
da vida,
com o sujo sem limpo,
fico
com o corte sujamente afiado
o sujo mais sujo,
cortando,
afinco
tão sujo que não sujo e nem limpo,
um outro não limpo e não sujo,
fora da gravura, da alvura,
só rasura, só usura sem usura,
só usado, usando, a usar,
abusadamente
aqui,
perto de seu olhar,
lábios, trejeitos,
perturbação,
os pés descalços,
masturbação,
do alado lado,
embaixo da cadeira,
abaixo
inculcação:
ajoelho
rezo
no culto deles
os pés
e os beijo
de baixo pra cima,
até sugar o açúcar de seu tabaco,
ópio e sonho,
melado,
amargo tesão,
gota de paraísos infernais,
a bílis de sua estranheza,
chegar até ela
na rachadura de superficiais
safadezas de profundezas
sob a mesa das boas maneiras,
onde seus pés podem ser lavados
de toda limpeza moral
por minha língua mortal
esta mesma que lambe
o cacetado clitóris
de seu vau
vendaval
carnaval
pluvial
val
embaixo da mesa
mil outras mesas
quentes banquetes
boquetes
onde pomos as mesas
a refeição
frutas e frutos
pomos
e brindamos
(à nossa
festa dos sentidos!)
indo e vindo
a fome
não tem nome
não tem estômago
a fome
de e sem
abdome
nos come
que a comemos
ao nos comer
crus
e
nus
cuscuz
cútis
sem
cruz
o limpo
no limo do limbo
da vida,
com o sujo sem limpo,
fico
com o corte sujamente afiado
o sujo mais sujo,
cortando,
afinco
tão sujo que não sujo e nem limpo,
um outro não limpo e não sujo,
fora da gravura, da alvura,
só rasura, só usura sem usura,
só usado, usando, a usar,
abusadamente
aqui,
perto de seu olhar,
lábios, trejeitos,
perturbação,
os pés descalços,
masturbação,
do alado lado,
embaixo da cadeira,
abaixo
inculcação:
ajoelho
rezo
no culto deles
os pés
e os beijo
de baixo pra cima,
até sugar o açúcar de seu tabaco,
ópio e sonho,
melado,
amargo tesão,
gota de paraísos infernais,
a bílis de sua estranheza,
chegar até ela
na rachadura de superficiais
safadezas de profundezas
sob a mesa das boas maneiras,
onde seus pés podem ser lavados
de toda limpeza moral
por minha língua mortal
esta mesma que lambe
o cacetado clitóris
de seu vau
vendaval
carnaval
pluvial
val
embaixo da mesa
mil outras mesas
quentes banquetes
boquetes
onde pomos as mesas
a refeição
frutas e frutos
pomos
e brindamos
(à nossa
festa dos sentidos!)
indo e vindo
a fome
não tem nome
não tem estômago
a fome
de e sem
abdome
nos come
que a comemos
ao nos comer
crus
e
nus
cuscuz
cútis
sem
cruz
Comentários
Texto inquietante e demolidor.
Espero que essa tua verve ajude-nos na difusão das idéias do teu, do nosso, ecossocialismo.
Abraço fraterno.
Gostei disso.
Até..
Poetíssima#
Esse poema de hoje a quem eu chamei de tríptico (no silencio do meu claustro), isoladamente retumba aquilo que é a base da sua construção, a crítica a um sistema que aprisiona os homens e as mulheres, disfarçado de liberdade e democracia, ao mesmo tempo que é recheado de um sensualismo e erotismo, com a sua marca registrada: a vibração que contagia! E juntos, nos afoga nesse caldeirão de informações que só a sua poesia soe ser.
Abraço!
;)
Por cima da mesa, as boas maneiras; o sexo, amplamente propagado - mas ao mesmo tempo somos reprimidos - esse fica por baixo da mesa das boas maneiras, das boas aparências, do banquete de luxo. Sexo só no underground. O incentivo é pra sermos mineiros: "comer quietinho". Fazer e não falar. A garganta castrada. O corpo mutilado pois pode fazer isso, e aquilo não. Pelo menos aqui é assim. Numa cidade puritana como Vitória, não se fala abertamente sobre sexo impunemente. Ainda mais dependendo do ambiente.
Luis, sua poesia está linda e - não sei se erótica, acho q é pornográfica mesmo! Parabéns!
Beijos,
Helena
do seu poema!
Um abraço