tem quanto tempo que não faço um poema, nem sei. estarei cansado de minhas aliterações, de meus jogos de palavras, que bobagem, você talvez finalmente esteja ficando velho, se rendendo à moral burguesa das boas maneiras de escrever um bom poema. você sempre escreveu como um pobre , um faminto jogando, fazendo aliterações, misturando, misturando não, que é pouco, e você poderia estar dizendo agora, é rouco, é mouco, como já fez alhures, em cores vadias por aí, mas não, você não diz, não dirá. Então, se não é misturando tudo com tudo, como você faz o que não faz. E você dirá, me deu vontade de escrever um poema fazendo o baixo-ventre, as vísceras, o sexo, tudo isto que fica debaixo, que me faz ser o que sou não sendo, sendo muito mais, um animal humano, que come, que caga, que sente dores de barriga, de rins, e que fica de tesão. Este lugar do baixo-ventre, aqui, olha, estou tocando nele, este lugar, olha o meu pau, este lugar, está mole, vou mexer nele, penso na mulher que vi na ...
“O fato de Balzac ter sido forçado a ir contra as próprias simpatias de classe e os seus preconceitos políticos, o fato de ter visto o fim inelutável de seus tão estimados aristocratas e de os ter descrito como não merecendo melhor sorte e o fato ainda de ter visto os verdadeiros homens do futuro no único sítio onde, na época, podiam ser encontrados, tudo isso eu considero como um dos maiores triunfos do realismo e uma das características mais notáveis de Balzac”. Friedrich Engels, 1888