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vergonha


tenho vergonha
de ser
homem
mulher
gay
branco
negro
amarelo
adulto
velho
jovem
criança

tenho vergonha de ser deste mundo
sendo quem sou
e também quem
não fui
não serei
não seria
ou
sereia

tenho vergonha da humanidade
de existir
o rico
o pobre
o trabalhador
o vagabundo
o santo
o puto
o honesto
o pilantra

tenho vergonha por saber que a fome
na Somália não é destino
natural
fatal
espiritual
mas parte da trama
de quem odeia
de quem ama
pois tudo é o mesmo mundo
de fama
de lama
de cama
de coma
na lona

tenho vergonha das guerras imperialistas
mas também das guerras
narcisistas
hedonistas
vigaristas
legalistas
esportivas
amorosas
realistas
fatalistas
sensacionalistas

tenho vergonha por algum dia ter dito pela primeira vez
é meu
é seu
tenho
não tenho
sou
não sou
quero
não quero
sei
não sei

morro de vergonha por existir
línguas
países
culturas
sistemas
ordens
religiões
saberes
poderes

tenho vergonha de ser gente

Comentários

lula eurico disse…
Continuas batendo forte, Luís.
Marteladas nietzcheanas.
A transvaloração é possível?
Lícia Dalcin disse…
Acautela-te, niilista; o que é vergonha em mim, é vaidade no Outro. Ah, meu caro, como eu te compreendo. Bj
Hei de escrever. Ando adoentada, mas passa, como tudo na vida.
São disse…
Ah, m eu caro, mas não tem que ter : quem escreve assim e tem esta aguda consci~encia é uma pessoa!

Abraços, muitos
C Valente disse…
Gostei, è preciso intervir do modo que sabemos e podemos
Saudações amigas
Estupendas las cosas que nos dejas, amigo.

Saludos y buen domingo.
Flor de Lótus disse…
Ah meu caro amigo,sinto tanta vergonha também de tanta coisa,mas dia desses vi o filme lixo extraordinário e senti orgulho, orgulho do ser humano que luta do ser humano que estende a mão para o seu irmão,nem tudo está perdido,temos uqe ter fé.
Beijossss
Canto da Boca disse…
Luis, mais um daqueles poemas que nos inquietam, e nos revira por dentro, uma vergonha dos seres e das sociedades que somos e criamos, apesar do fato de que 'nem todas as verdade são para todos os ouvidos', é preciso dizer sim, para que não nos tornemos 'fundamentalistas da indiferença'...
Que essa vergonha nos impessa de reconstruir a humanidade caída, no sentido sócio-político desta. Mas que ela nos impulsione a ser humano no melhor dos sentidos.
Afinal, somos contraditórios e, portanto, o bem e o mal.

P.S. Tenho um amigão que cursa mestrado em letras na UFES, devo aparecer pra encontrar com este e os demais amigos capixabas em breve.
Ah, se eu soubesse do lançamento do livro por aqui teria ido. Mas tenho andado distante da net e quando o soube era findo.
Inté,
K.
Carla disse…
Gracias por tu comentario en mi blog.

Hay veces que la verguenza acecha.

Besos.
Lícia Dalcin disse…
Procura por minha TREVA CIRCUNSTANCIAL. Eu a fiz em tua homenagem. Está (claro) no me blogue.

bj

Lícia

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dinheiro antes era pão e circo e o cacete como pão que bate na arte de matar, cão que late, no bode expiatório, a guilhotina no pescoço da soberana plebeica praça hoje é urânio empobrecido fósforo branco e círculo midiático onde tudo é arte que arde, ardil funil fuzil de ícones de artilharias nas edições de armas satelitais contra a praça súdita garras amarras virtuais na Terra carcerária, pois agora a ágora é o planeta campo de concentração planeta palestina, território sem povo e povo sem território, onde bomba é tudo, em tempo irreal, supõe-se, supositório de lunáticas radioativas partículas de envoltórios zumbíticos vivos incendiados incendiários, planeta guilhotinado, enforcado,desmembrado, sacrificiado nos vários seres mortuários, viciados, por plutônicas ontológicas cosmológicas inspeções galácticas de drones drops fotoativos, putativos, objetos mostruários no dentifrício no corpo cabeça sexo estomagado esmagado emparedado avacalhado suicid
no outro lado do front vi a refração das alfabetizadas ciências deus meu vi o engenho e a arte longe dos barões bufônicos das prosódias divinizadas das seis entidades orquestradas como mísseis de calar dos modernos tempos antigos vi o inglês, o alemão, o francês, o italiano, o espanhol, o português vi ideologia humanista nas seis pirâmides escriturais nas bocas dos sacerdotes dos monastérios os latins ministeriais das sagradas letras dos poemas nos boquetes dos iniciados em palácios de elmos lambendo as glandes das poses das correções ortográficas engolindo as porras das sintaxes na ordem das concordâncias nominais engravidados pela garganta profunda dos espectros verbais vi o monumento à barbárie dos hexagramas das teogonias ocidentais vi a bíblia das traduções imperiais na patrística das metafísicas nas pontas do ceu da boca nas palavras dos seres angelicais vi no outro lado do front as girias dos analfabetos poemando os cristais nos banhos ilimitados dos mananciais despoluindo-se da

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