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brindo ao que não tem sido
garantido
o que não vem sendo
enaltecido -
a si mesmo faz-se
esquecido

brindo o que não tem querido
prêmio nem castigo
fora da bonança
entretecido
indo aonde não
alcança
o cálculo
das
finanças -
das
alianças
laços
lanças

brindo ao que não
se soma
nunca o que
se toma
tampouco o que
se retoma
dentro das redomas


brindo o que não é
trauma
não pleiteia o que
apruma
acaso de
plumas
e se faz
como
uns
e umas
nunca
como
teológicas
sumas


brindo o que não se
acalma
não se contém na
alma
salto de
puma

brindo
ao retirante
ao feirante
ao migrante
ao rinoceronte -
e seguimos
atrás
sem cultos
radiantes
ocultos
diamantes
sempre
vicejantes
independente
das
bacantes
delirantes
somos
sempre
insensatos
divagantes
na
onda
das
letras
errantes
que
escrevemos
tanto
que
esquecemos
o
que
fôramos
quando
tínhamos
sido
o que
jamais
poderíamos
ter
entretecido
sob
o
ceu
dos aflitos
que
com
gritos
pensaram
que
poderiam
conseguir
algo
como
sinos
os
ritos
dos
tiros
no
coração
dos
martírios
sem
saber
que
bastava
sim
ignorar
os
apelos
dos
nomes
selos
que
bastava
esquecer
a morte
que
morremos
que
bastava
o
infinito
no
qual
nascemos
sim
que
bastava
não
parar
de
nascer
brindar
o
que
não
é
no
vinho
do
fora
de
si
viver
o
que
é
livre
acontecer

Comentários

São disse…
Brindo ao feliz facto de o conhecer, embora só através desta maquineta!

Para mim, um dos seus mais belos textos.

Forte abraço.
Pérola disse…
Brindo ao seu poema.

beijo
Fred Caju disse…
Essa violência com que você conduz os versos é muito foda. Abração.

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Deus

Deus é puro sexo E tem o gozo do universo Com seu falo vaginado Penetra e é penetrado Pelo cosmológico Devaneio de amplexo Sua transa etérea De buraco negro de verso Suga e transfigura A ilusão de ser matéria Que lubrifica e infla A vida de vidas O infinito de finitos As polipresenças De ausências.

UTOPIA

entoar: amar quixotescas armaduras, de cavalharescas andaduras, de ondas de lábios ávidos de mar, celas cósmicas, de lânguidas mangas éticas, pitangas de árvores de flores de copas, de frondes continentais de amores, sem ilhas de tédios de horrores, ou gols de tiros de mortes, de chutar chuvas de balas de alas, de narcísicos consumos de humos, doces idólatras idiotas, a chupar, a saliva de acusar, pra roubar e pra matar, quando o que é torta, quando a porta da janela que importa, é a de criar o atar as traves aves de retângulo de céus de paraísos de relâmpagos, de infernais mananciais, de invernais verões de rebeliões, por comemorar a cerimônia de vôos de chamas de larvas, de celestiais terrenais viscerais, a festejar pilhas de elétricas usinas, de vitais vitrais campos, sem rivais, a coletivizar os subterrâneos lençóis de águas de sóis, de sedes de redes de girassóis, abertos horizontes cobertos por suores de louvores, nos corpos a corpos, brindes de convites, a desarmar as armas ...
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