A fome no estômago do homem
é mais que a fome que pão come
é fome de muitos abdomens
de muitos estômagos de nomes
de asas de casas de alegrias vastas
até a quadratura do círculo das lascas
onde do cérebro se come as cascas
não é fome da miséria, diária ração,
financiada na mola da ola da esmola
que amola a faca em nefastas ponderações
na carne viva dos pobres, humilhações,
é fome de muitos nomes, imaginação,
criação, recreação, inquietação, ação
que não é apenas ração, mas inserção
de proliferação de solução, na resolução
de tomar a política pelo estômago da mão,
e, tomando-a, torná-la política da indignação,
em rebelião, em liberação, em revolução,
pra tal, não é a miséria da mola da ola da esmola,
que será o vau do varal da incontida transformação,
do humilhado povo, que só sabe ouvir não,
em ovo de povo – nascimentos de acontecimentos
inventada fome de orquestração
que queima
ferve
cozinha
até a morte
o ventre da besta
com o só se alimentar de vespas
no mel das constelares tetas
nos estômagos das cosmovisões feitas
de uvas de mutretas, sem seitas,
lá onde ali o estômago é o âmago
da imago dos sândalos
estrelares rochedos de vândalos
amando a fome
dos
mares
quando os lares
não passarem
de fotossínteses
de
ares
pros seres
terráqueos
lunares
pros quais
tudo
são
fomes
de
amares
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