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a classe média e o povo


entre os dois
o endeusado,
deus sempre usado,
ótico ótimo despótico
sério
engana-dor,
o saquea-dor,
e o
roubado
humilhado
ignorado
assassinado
entre os dois
entre o rico e o pobre
a classe média
é o pêndulo
se vai pra direita
é meio
imbecil
meio
cafajeste
meio
indiferente
meio
cínica
meio
metida
meio
besta

sempre no meio
da pretensão
da ostentação
da louvação
quando
no meio
da mistificação

mas
se vai
o pêndulo da classe média
pra esquerda
é meio socializante
a classe média
meio
inteligente
meio
fascinante
meio
interessante
meio
instigante

e pendula
pra lá e pra cá
pendula
pendura
na forca
o pinto
de choco
ovo
abortado
do que poderia ter sido
a gema
e nunca será
a média classe ema
nem rica e nem pobre
sem teorema
no insosso odre
algema:
repuxos
pulsos
dilemas

embora
do devaneio
a perdição comum,
se multitudinária,
incomum,
porcada vara ara vária
diabolicamente unitária
ainda que quixotesca
hilária
noturna e diária
na boceta
que ainda pulsa
na pica
que ainda pulsa
no cu
que ainda pulsa
o fluxo e o desfluxo
de entes
fora do entre
ainda impulsa
a orgia
da putaria
do raso e do profundo
mundo
de entre
tetas e tretas e letras
amplexos e complexos
reversos e inversos
revertidos e pervertidos
de sísmicos
sinais
vitais
canais
sociais
imorais
pluviais:
labuta
a puta
cérebros e pernas e braços
é polvo o caranguejo ouriço
ouço:
a lama, o caos, a luta
vejo:
bandas bandidas badernas de bandos passos
e,
de novo,
riachos de diachos
o dês-ordinário
o inclassificável
o incendiário
o revolucionário
o povo

Comentários

São disse…
Classe média?

Em Portugal foi destroçada pelo bando Passos/Portas no Poder actualmente ,com a benção de Cavaco, o reformado algarvio que ocupa o palácio de Belém.

Bom regresso.
Laura Santos disse…
Bem forte e em direcção às entranhas! Belo poema!
Onde está a classe Média?....Em Portugal já existiu. Agora existem ricos , pobres e miseráveis, que sempre existiram, mas a crescer como coelhos.
xx

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Deus é puro sexo E tem o gozo do universo Com seu falo vaginado Penetra e é penetrado Pelo cosmológico Devaneio de amplexo Sua transa etérea De buraco negro de verso Suga e transfigura A ilusão de ser matéria Que lubrifica e infla A vida de vidas O infinito de finitos As polipresenças De ausências.

UTOPIA

entoar: amar quixotescas armaduras, de cavalharescas andaduras, de ondas de lábios ávidos de mar, celas cósmicas, de lânguidas mangas éticas, pitangas de árvores de flores de copas, de frondes continentais de amores, sem ilhas de tédios de horrores, ou gols de tiros de mortes, de chutar chuvas de balas de alas, de narcísicos consumos de humos, doces idólatras idiotas, a chupar, a saliva de acusar, pra roubar e pra matar, quando o que é torta, quando a porta da janela que importa, é a de criar o atar as traves aves de retângulo de céus de paraísos de relâmpagos, de infernais mananciais, de invernais verões de rebeliões, por comemorar a cerimônia de vôos de chamas de larvas, de celestiais terrenais viscerais, a festejar pilhas de elétricas usinas, de vitais vitrais campos, sem rivais, a coletivizar os subterrâneos lençóis de águas de sóis, de sedes de redes de girassóis, abertos horizontes cobertos por suores de louvores, nos corpos a corpos, brindes de convites, a desarmar as armas ...
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