a noite respira um murmuro suave
a atmosfera alada escorre da pintura
as casas, os prédios, as nuvens, o macio ilimitado no verde difuso de uma forma árvore,
e um cão que não vejo, um menino e uma menina, na fome de fome de fome de nome
o nome menino não come sobrenome, pois a sobremesa da casa em seus dentros de dentros de dentros
não entro a menina no menino nem eles nos mesmos meninos sem fome, saciados de vontade de não comer na colher de rios, piques, pastos, ruas, vadiagens, chuvas, sóis, libidinagens, safadagens, aberturas abertas que pedem não infame fama, mas famintas clareiras a partitura de uma pintura feliz onde as cores na cor absoluta de sua não-parte ama arte
de viver, aqui, ali, acolá, onde a noite leve acaricia a lonjura
que recusamos de tanto comer sem nome, o sobrenome da falta de fome, e uma voz, sua música pouco ouvida, de outro lugar, e os passos, seus um pé e outro pé, e pé pé pé, esquerdo direito esquerdo, com um jeito-só-seu-de-conversar com outros relevos e planícies e minérios e paisagens, e um sonho no olho
que olha outra viagem, outro quadro, outra noite, outro poema
que não pude ver, cego que estou de me ver, sem o nome adiado da fome que desconheço na alegria do poema que não escrevo
se não expresso o poema que ,
a lágrima a dor a morte na felicidade delineada no risco rabisco de um pincel cuja cor que traça me inscreve na desgraça sem graça da falta de gestos, risos, abraços, escutas, falas, olhares olhando, de mim e do menino morrendo sem nome sem fome de ato a esticar a mão a escutar o ouvido, a falar a fala, a olhar o olho, a beijar o beijo, a procurar a procura, a tocar o toque no menino na menina as casas, os prédios, as nuvens, o macio infinito, uma cachorra, a atmosfera alada suave de abertura aberta
na brecha deste instante, esta casa, este quarto, este poema, este não eu, este poder fazer o que não faço, um poema, uma trepada, um sim para um aquém de além de mim, na descoberta do segredo de desejos do menino da menina da cadela, da noite, no tudo de um mendigo deitado na porta de uma loja fechada com seus dois cachorros fiéis, mexendo, e desmexendo, quando vi , a ponta iciberg de seu pinto na rijeza que aponta pra mulher ideal, nossa senhora, a primeira divina mãe solteira eleita pela escrita cristã do ocidente, para dar a luz ao deus menino encarnado na via-crúcis do embate com a morte desse tesão sujo e vulnerável, na porta de uma loja fechada n
essa noite suave que respira o impossível de outros,
e a madalena, a puta que amou cristo, e a genie do buarque, a que dá pra qualquer um
e a , ainda, mulher qualquer que o inspirou com seu perfume de heresia
quando por ali passava emitindo sons cheiros fomes,
estabelecendo um caminho a-caminho d
e viver a fome da fome da fome da fome
de nomes
sem sobrenomes, um poema um menino e menina, um o e um a: criando um gerúndio de encontros de a-fetos pra um oa, oando
erro, em nós, de nósmemos,
que podemos ler neste poema e nesta noite portuária ?
onde
a atmosfera alada escorre da pintura
as casas, os prédios, as nuvens, o macio ilimitado no verde difuso de uma forma árvore,
e um cão que não vejo, um menino e uma menina, na fome de fome de fome de nome
o nome menino não come sobrenome, pois a sobremesa da casa em seus dentros de dentros de dentros
não entro a menina no menino nem eles nos mesmos meninos sem fome, saciados de vontade de não comer na colher de rios, piques, pastos, ruas, vadiagens, chuvas, sóis, libidinagens, safadagens, aberturas abertas que pedem não infame fama, mas famintas clareiras a partitura de uma pintura feliz onde as cores na cor absoluta de sua não-parte ama arte
de viver, aqui, ali, acolá, onde a noite leve acaricia a lonjura
que recusamos de tanto comer sem nome, o sobrenome da falta de fome, e uma voz, sua música pouco ouvida, de outro lugar, e os passos, seus um pé e outro pé, e pé pé pé, esquerdo direito esquerdo, com um jeito-só-seu-de-conversar com outros relevos e planícies e minérios e paisagens, e um sonho no olho
que olha outra viagem, outro quadro, outra noite, outro poema
que não pude ver, cego que estou de me ver, sem o nome adiado da fome que desconheço na alegria do poema que não escrevo
se não expresso o poema que ,
a lágrima a dor a morte na felicidade delineada no risco rabisco de um pincel cuja cor que traça me inscreve na desgraça sem graça da falta de gestos, risos, abraços, escutas, falas, olhares olhando, de mim e do menino morrendo sem nome sem fome de ato a esticar a mão a escutar o ouvido, a falar a fala, a olhar o olho, a beijar o beijo, a procurar a procura, a tocar o toque no menino na menina as casas, os prédios, as nuvens, o macio infinito, uma cachorra, a atmosfera alada suave de abertura aberta
na brecha deste instante, esta casa, este quarto, este poema, este não eu, este poder fazer o que não faço, um poema, uma trepada, um sim para um aquém de além de mim, na descoberta do segredo de desejos do menino da menina da cadela, da noite, no tudo de um mendigo deitado na porta de uma loja fechada com seus dois cachorros fiéis, mexendo, e desmexendo, quando vi , a ponta iciberg de seu pinto na rijeza que aponta pra mulher ideal, nossa senhora, a primeira divina mãe solteira eleita pela escrita cristã do ocidente, para dar a luz ao deus menino encarnado na via-crúcis do embate com a morte desse tesão sujo e vulnerável, na porta de uma loja fechada n
essa noite suave que respira o impossível de outros,
e a madalena, a puta que amou cristo, e a genie do buarque, a que dá pra qualquer um
e a , ainda, mulher qualquer que o inspirou com seu perfume de heresia
quando por ali passava emitindo sons cheiros fomes,
estabelecendo um caminho a-caminho d
e viver a fome da fome da fome da fome
de nomes
sem sobrenomes, um poema um menino e menina, um o e um a: criando um gerúndio de encontros de a-fetos pra um oa, oando
erro, em nós, de nósmemos,
que podemos ler neste poema e nesta noite portuária ?
onde
Comentários
obrigada pela visitaaa!
bjs!
Nem me sinto digna de comentar isso aqui, mas o que eu entendi tá ótimo. lindo, cruel, real.
A sociedade movida pelo espírito natalino,nos deixam na esperança de ver qualquer pobre criança,distante da trsiteza...Pobre ilusão,tantos impossibilidades,e nós aqui achando que no natal todos estarão bem.
Obrigado pela visita.
Bjo.
qta elegância!!!! E elegância nunca eh d+!!!
Abração!
Gostei de todos, especialmente "As Mãos", de 08/12.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
/// Abraços, flores, estrelas..
Que “Natal” é esse? Un voyeurisme como estética amoral de nosso agressivo olhar ocidental? Natal e olhares pagãos? O cristianismo não extinguiu o olhar pagão; ampliou-o. Ah, mas ledo engano supor que o poeta diz o que quer dizer. Nem sempre ele se faz senhor de seu próprio poema, posto que a imaginação pode esmagar a intenção moral do texto. A ele, pois.
Seu tropo erótico predileto? A carne tépida e falsamente casta de meninos e meninas “na descoberta do segredo de desejos do menino da menina da cadela” (LUÍS 2007). Nesse, “Natal”, os convivas festivos assistem à imagem de um “pinto [peru] na rijeza que aponta pra mulher ideal, nossa senhora”. No poema, expressam-se a frieza e a aleatoriedade de um olhar desligado, que alumbram o sexo como arte. O olhar e o objeto põem-se em movimento, como no cinema moderno.
Mas há certo lirismo no “Natal”, quando o sujeito poético chama à corte a memória de um menino-menina notável não por seus órgãos genitais, mas por sua plácida beleza e liberdade, recebendo-o[a] com uma pose feminina arrebatadora:
“não entro a menina no menino nem eles nos mesmos meninos sem fome, saciados de vontade de não comer na colher de rios, piques, pastos, ruas, vadiagens, chuvas, sóis, libidinagens, safadagens, aberturas abertas que pedem não infame fama, mas famintas clareiras a partitura de uma pintura feliz onde as cores na cor absoluta de sua não-parte ama arte de viver, aqui, ali, acolá, onde a noite leve acaricia a lonjura” (LUÍS, 2007).
Esse epiceno personagem e suas fomes transgridem as fronteiras do macho e da fêmea, conferindo fluidez ao jorro espermático em que consiste o temporário morrer de cada desejo.
Noutras palavras, pô, mermão, me amarrei no poema, aê. Tipoassim, vc foi sinistro (detesto retórica jovem), abicando da forma denotativa, para convocar a metáfora a serviço do texto. Sintam esse acorde: A NOITE LEVE ACARICIA A LONJURA.
Porra, isso é belíssimo!!!
Obrigado, Luís de Mancha!
Abç! e boas festas!
Que bom!
Que seus dias sejam belos
e plenos de tudo o que vc deseja.
Jacinta
inspiradissimo.
Nem tenho palavras para descrever :)
Aproveito e lhe desejo um Feliz Ano novo.
(ou melhor, de desordem) é consumir, consumamos poesia e nos deixemos consumir por ela...
talvez sumamos, ou nos assumamos verdadeiramente.
Obrigada pela amizade em 2007,pela ajuda com a dissertação e poe ler meus artigos espirocados...
és gente finissima!!!
Um 2008 de Paz, saúde e muitas realizações.
Renata
Feliz 2008
Jacinta