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determinismo do mal

fogo de gozo fogoso gostoso ouço de ovo de novo na púbica central fálica fábrica espermática privadamente pública de simbólicas ondulações patriarcais, nos mananciais dos valores dos olores dos furores que percorrem que decorrem que incorrem em cada qual o seu caracol a escutar o murmurar do mar na orelha do sol a brilhar a espalhar a iluminar os poderes do mundo no ritmo mítico lítico istmos de laicos padres contemporaneamente medievais, nas centrais operacionais de saberes oficiais, seriamente policiais, nas formas pétreas de laicos ismos de ideologias filosofais, sob o pôr-do-sol da aurora a estender a guerra espermática da flor maligna da encruzilhada: flor de Amapola na ampola na seringa na agulha na veia o ópio no sangue a eclodir o leite da droga seminal: leite secado pra melhor incorporar químicas misturas , leite leito eito feito pra melhor entorpecer os senhores da guerra, com dinheiro sem lastro real, pois os senhores da guerra são os que fazem ópio óptico ó

ode triunfal

para o meu queridíssimo marcelo mozer, força vital pelotãoooooooooooooooo! atençãoooooooooooooooo! apostos , impostos, postos, repostos à direitaaaaaaaaaa, volverrrrrr! vão verrrrrrrr: vão interromperrrrrr a galáctica expansão do mão a mão em amorosa rebelião em revolucionária ampliação pilotãooooooooooooo aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaavante! pum pum pum pum apontarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr à esquerda, do pensamento apontarrrrrrrrrrrr: à esquerda, do social questionamento apontarrrrrrrr: à esquerda, do mortal transcendental entrelaçamento de oprimidos a oprimidos desoprimindo-se dos horrores dos opressores! apontarrrrrrrrrrrrrr: à esquerda, do indignado grito de revolucionários atores apontarrrrrrrrrrrrr: pra tudo que não seja adaptada arrogante humilhação, ao transe religioso ao deus mercadoria em sub-missão apontarrrrrrrrrrrrrr: pra tudo que não seja o centro tranqüilo da desgraça: a voz macia de ana mar
fagueira esgueira-se afago de fagos fogosos gozos de fogos em fundos de mares conchas de vejo você, artimanha de sexo, manha de olhar, falar, ouvir, tatear, tocar estar, amanhecimentos de pensamentos, seu jeito forte-frágil, de lábios carnes soprando o eros rejuvenescente na boca de beirar o beijo de matar, atando o ato de atmosferear o ar de seu te apreender, beber, sorver, como se sonhasse com você, no seu lugar tópico óptico de sonho, pudesse fazer-me você, bêbada nudez de fêmea e uma outra forma desforma de feminil no amor de amar você amada amante ante tudo que amadamantemente morgeia o centro periférico de peles púbicas no vaso flores, rebento alegre no poro ouro da zona franca sem franquias, mas ilha em trevas no beco escuro-claro dentro entro e gio languedando quente a poeta de variáveis palatais feitiça em eroscentes dissensos afirma a voz, o tom, o timbre, as cordas, a música, o violão, a canção, as formas-vôos-sonoras e languea-dando-me meame e já não falo coisa com coisa, s

surgimento

o poema não surge do acaso não surge do amor do ódio da história do desejo - o poema não é Maomé, Buda, Cristo – upoemasurgidavidaondituduestaincluidu

ressurreição

a morte há-de ser reduzida a nada quando a ignorância, a pior de todas, a que advém da arrogância, quando ela, essa ignorância ou essa arrogância, for reduzida a nada então a morte o será também

socialismo do século xxi

“Nadie puede parar una idea, cuyo tiempo ha llegado”, decía Victor Hugo. El Socialismo del Siglo XXI es una de las ideas cuyo tiempo ha llegado. Y nadie lo va a parar: ni las equivocaciones socialistas del pasado, ni las ilusiones capitalistas del presente. heinz dieterich socialismo que nem justiça sem fim é a gargalhada do vira-lata em mim tal que seu rabo, o do vira-lata, assim, latindo , sem grego, inglês ou latim, rege, igual um maestro canhestro, a batuta do rabo do vira-lata, a esmo, pra cá, pra lá, forte e fraquin todo um mundo que fica nas costas deste que se põe na frente, à mostra, os valores ocidentais, o mercado de capitais o fascismo dos iguais, os saberes oficiais ainda que, como letais, roubem outros tantos mortais todo um outro mundo rege alegre o rabo do vira-lata nas costas do mundo das folhas de rosto das boas aparências das videntes evidências nas costas de todas as vanguardas , estas que se dizem na frente, mas que se condominam em dominâncias fechadas, de

todo rico é ladrão

todo rico é ladrão e todo pobre é roubado não existe verdade que se sustente, não existe amor para quem sente não existe justiça que se torne presente nem ente que se queira realmente vivente sem a urgência do sentido, a viver e já vivido, da viração da colméia de enxames de pobres contra o fel do rico ladrão, eis o mel da revolução, o coração de toda emoção, a comoção da rebelião da integração da mão com a corrida dos pés-geração pra dentro do cérebro, através do peito-cooperação, perfeito sendo imperfeito, da comum satisfação de ver que retrover, que posver , que introver, que extrover que o querer do josé, do mané, da sebastina, da maria, e da qualquer mulher, e de cada qual, incondicionalmente independente de ser homo ou hetero, de ser índio,negro, mestiço, amarelo, ou a metamorfose do que seja enguia que envia suas digitais almais pelos caminhos dos pêlos da alegria de virar lobisomem a cheia lua de transformar-se em lóbulo de lobo a bula do álbum de fotos da universal f

reza brava

O filho da puta chegou como um milagre, incrível, e a gente ainda acha que a vida não vale a pena, depois desses milagres todos, desses nascimentos todos, surpreendentes, das palavras nascendo enquanto as escrevo, enquanto as digito, um tremendo desafio, porque posso dizer tudo, posso fazer as combinações que não puder, que nem sei que possa, porque é um milagre, um susto, um imprevisto de sonhos que as escritas podem escrever, e tudo está absolutamente aberto, e afirmo novamente, absolutamente aberto, para escrever o que for e o que não for, nada me prende, não existem limites, vou afirmar novamente, não existem limites, nem morte, nem escravos e senhores, nem os clichês, nem esquerda e direita, nem o norte rico e o sul pobre, nem a minha masculinidade, o meu sexo, as minhas marcas todas, os emparedamentos do mundo, o trabalho, o salário, e suas faltas ainda mais pilantras, nada disto é limite, pelo contrário, tudo isto e muito mais são desafios, desafios, entendamos, e mesmo esse en
“À entrada da aldeia, segundo diz Cide Mamete, viu Dom Quixote que nas eiras do lugar estavam brigando dois meninos, e um disse ao outro:  Não te canses, Periquito, porque não a hás de ver em todos os dias de tua vida. Ouviu Dom Quixote, e observou a Sancho: - Não notaste, amigo, o que aquele menino disse: “Não a hás de ver em todos os dias de tua vida”? - Pois bem – ponderou Sancho. -- Que importa que o haja dito esse menino? - Quê? – replicou Dom Quixote. – Não vês tu que, aplicando aquela palavra à minha intenção, quer significar que não verei mais Dulcinéia?”. Miguel de Cervantes, Dom Quixote os olhos os olhos nunca olham o que vêem, apenas retêm o desejo do que não podem apreender, entre si-vendo e o visto-olhado, perscrutam o impossível do distante tornado mais que perto, tornado o olhando, o que vê, como se quisesse uma integração entre sujeito e objeto, como se quisesse tornar-se todo corpo, todo matéria. a cegueira dos olhos não reside no que não podem ver

Idílio do homem ideal

"de tanto olhar as grades/ seu olhar esmoreceu e nada mais aferra/ como se tivesse só grades, na terra/ grades pra olhar... rainer maria rilke ama muito é carinhoso é elegante gosta de um bom vinho é inteligente conta piada é alegre ironicamente sutil gosta de cinema de literatura de bossa nova bom filho bom pai excelente amante e é fiel, acreditem, e não ainda assim, mas por isso mesmo, como contra-revolucionário pra defender sua cota de tédio bem alimentado aciona o botão da barbárie e do genocídio, e, enquanto sorri, como convém, cinematograficamente, sem culpa, posto que é favorável às cotas enquanto sorri, enfim, aciona o botão da barbárie e, no através dele, outras vozes: civilizadamente vociferam: boa noite, Cinderela! e, alhures, implodem educadas bombas de genocídios: ele é inocente! acreditem, um poliglota de ilhotas de idiotas sendo a culpa do lupen e do servente, do ignorante ente, nada tendo com isto: o sensato inteligente! viva viva, que é boa gente! foda-se pro

amo

"se fiz bem, vamos manter silêncio; se fiz mal - vamos rir então e fazer sempre pior, fazendo pior, rindo mais alto até descermos à cova" friedrich nietzsche penso numa beleza, e não vejo o visto, só o vendo, ventania de brisa, alegria de felicidade, solaridade, graça de estar, deleite de forma, informa, parêntese aberto no texto-corpo, dança-samba com os pés de ritmos de afros afrodites dos vôos dos pássaros, asas-emblemas dos dilemas das escolhas de mundos nos brilhosos olhos, os espelhos triturando as frutas de adâmicos pecados de evas, ave, aves, sorriso, gesto, andar, cabelo, olhar, nariz, jeito, sonho, dedos, joelhos, feitiços de textura, pauta aberta, folha avulsa, delicadeza forte, fantasia misturada de um no lugar do outro, os olhos no lugar da boca, a boca no lugar da saliva, a saliva no lugar do tato, o tato no lugar do ouvido, o ouvido no lugar do cheiro, o cheiro no lugar de todos e todos no lugar do sexo, voz no desenlace do desenho de falar

o retorno do reprimido

elas sempre retornam, sim, elas retornam, de todos os becos, elas retornam, e quanto mais as matamos, mais elas retornam, eles todos, não como zumbis, não como fantasmas, entidades de outro mundo, sustos da representação e do pesadelo, elas e eles retornam como coisa, como antes de toda palavra, como lavra, larval, diabolismo divino, elas e eles retornam como praga, peste, fome, verme, cadáver, lixo, bosta, solidão, engano, atraso, parasitas, vírus, bactérias, como caricaturas de nós mesmos, nosso avesso, nosso viés, nosso verso, elas e eles sempre retornam, como reprimidos desreprimidos, como maria, como joão, como joaquim, como injustiça da injustiça da injustiça, elas e eles sempre retornam, como operários, sociologia, marxismo, luta de classes, revolução, utopia, felicidade, liberdade, gozo democrático, sujeito sem objeto, elas e eles sempre retornam, como objeto de objeto de objeto, como mulher de malandro, como piranha de machistas, como carne viva de primeira, de segunda, de t
“ O que não pode ser dito deve ser gritado”, Wittgenstein. pouco e muito é pouco é pouco é pouco é pouco é pouco, pouquíssimo, tudo é pouco. só não é pouco o muito pouco que exala do pouco em si: é muito é muito, é muitíssimo

utopia

“A ilha da utopia tem duzentos mil passos em sua maior largura, situada na parte média. Esta largura diminui gradual e sistematicamente do centro para as duas extremidades, de maneira que a ilha inteira se arredonda em um semicírculo de quinhentas milhas d´arco, apresentando a forma de um crescente, cujos cornos estão afastados onde mil passos, aproximadamente, podem alcançar a uva da vulva. ”. Thomas More, A utopia utopia minha pica, quando sobe, sobe além de mim, sobe mais do que eu, minha pica, quando sobe, me pica, me pica, me pica me pica, no cu de minha vagina, me pica , me pica, no que em mim sou mulher, me pica, me pica me come, no impossível de eu ser fêmea , no que, em mim, não sou eu, me pica, me come me goza, me masturba, me turva, me pica me pica, quando pica, me penetra, todo, inteiro, quando numa xoxota goza a gozação de eu ser outra, de eu ser fora de mim, de minha pica, de dentro de um outro inferno, no inverno primaveril dos sentidos, minha pica, quando

nósdenós

( ( esta casa tem dois deuses finitos respirantes do pulmão do dois em um impulsionados pelo ar-mistério deram-se as mãos os pés as coxas o riso as lágrimas os olhos os toques os sexos os corações as almas-sexos-corações esta casa tem dois deuses finitos

tudo está dito/nada está feito

quis escrever um conto. Os dedos começaram primeiro que eu, digitalizando. então pensei no como os dedos podem digitalizar sem mim, como podem ter memória própria, escrever e escrever-se, assim, como quem escreve e se escreve, a história biográfica da memória testemunhal de um dedo. e o dedo, ou os dedos, começaram a... se... e ficaram com preguiça. passado um tempo, por preguiça de freqüentar outros ofícios, de fazer outras coisas que tinha que fazer, naquele momento depois agora, depois daquela outra preguiça, entrei finalmente neste arquivo e vi o texto aqui inacabado, pensei que talvez já pudesse estar ou ficar inacabadamente pronto ou prontamente inacabado se apenas deixasse ele, este aqui, acabar no ficaram com preguiça, mas os dedos começaram a recuperar a sua memória digitalizante e começaram a escrever novamente, e escreveram até aqui, até aqui, até aqui, até aqui, não vou dizer mais até aqui, pra não enjoar o leitor, e foram escrevendo até aqui porque eram dedos e dedos n

Deus

Deus é puro sexo E tem o gozo do universo Com seu falo vaginado Penetra e é penetrado Pelo cosmológico Devaneio de amplexo Sua transa etérea De buraco negro de verso Suga e transfigura A ilusão de ser matéria Que lubrifica e infla A vida de vidas O infinito de finitos As polipresenças De ausências.

QUEM

( “quem não sabe que a mulher é uma invenção do homem, o negro, do branco, o pobre, do rico, o sul, do norte; o homo, do hetero; a consciência, da inconsciência; o consumidor, do mercado; o excluído, do incluído, sequer começou a se inventar, e ainda não existe.” Jacques Lacan, seminário 0, 333333333333333333333333333333333333333333333333333333333333333333333 ) Quem não coisa amor de sombras nas palmas-mãos do dar-se a conhecer ? Quem não trouxa uma contrariedade nas hierarquias do aproximar de ao deixar-se levar? Quem não mármora um tornar a renascer nas esteiras do estar o rosto a euficar? Quem não asfalta uma lacuna de estar nas vagas do mim/ti o sonho de unificar? Quem não pedra o coração

eu destronado

/A arte é o que faz ser a vida mais interessante que a arte/ quem me quer como eu nem sequer me quero? entre o destronado reino sem fim das necessidades e o privilégio do reino das exclusividades, quais mins de mim fechariam comigo, se eu me destronasse todo no primeiro? quem me amaria a mim entre as pessoas que dizem me amar, se este homem aqui, olhem, que mal conheço este aqui, olhem, que mal concebo e mesmo assim é o que justifica toda uma existência este que abriga toda a coragem presente e ausente. em qualquer ente, que sente, se este homem em mim fosse todo eu? este que pode perder o caminho de casa e achar os caminhos do mundo que pode simplesmente ignorar os conluios de não: ao sonho, à justiça aos injustiçados à liberação da mulher e do homem - do entorpecimento de suas domesticadas paixões - à proliferação, em cascata, de amores, de furores, de cantores, de outros valores que não sejam os dos impérios dos horrores, dos terrores dos impostores

Instituições

instituições são grades grades seus lábios distantes, pertos grades seus lubrificados lábios chamativos: distintivos distintos dos abstratos versos. instituições são grades grades as vidas mortes lentas, fendas, de reflexos sem nexos, umbigos nutrindo o mundo: de côncavos e convexos instituições são grades grades escuros caminhos no país da luz, retratos vestidos nus de não sermos jus grades apertos nos peitos desfeitos dos feitos sem jeitos dos homens: racionais desconcertos

poesia

“A poesia não existe e, como nós, se faz existir, quando ao tempo resiste, quando, apesar de tudo, não desiste, insiste.” ( Eluard Breton Carpentier. Deshoras, p. 0” poesia: respiração truncada em truques se já o que ontem adivinha, ad-vinho o que sem signo pré-vem, pré-vino, e vinho libando o ar no desafinar, desafino, leve/pesado crepúsculo vem indicar umas molduras que minha carne prefere às páginas moduladas em módulos de músicas em iscas de branco, de negro, de limite, de só o visto, o desvisto pela mão que as envolve e os molha os insetos-letras que a acompanham, e essa espera, esperada na madeira por sua absorção que não detém ao desvão de cubo, enquanto não umas máscaras, os cansaços que não chegam às molduras, que não esperam como algo feito em cascas, se como a mulher, que espera em uma asa de rabiscos, mas ao traçar as gretas da moldura do grelo no grilo do paralelo, elevado ao canário das impossibilidades possíveis, temos então o resultado preciso da glória ditirâm

busco uma mulher

“Siempre la mujer, el huracán del mundo” Brendy Thequidest que tenha o sonho e o sonhar, a fala e o falar, os olhos e o olhar, o beijo e o beijar, o toque e o tocar, o abraço e o abraçar, dados e gozados, no jeito e no trejeito, das esperanças e das lembranças, e das bonanças e das lambanças, vindas das despojadas heranças, das putas e das prostitutas, e das genealogias das muitas milenares filhas das putas, como se, longe da família, e da genética, e do casamento, e da maternidade parental, e contratual, e igual, e monumental, e filial, uma outra família feminina, aberta e liberta, viesse se formando e se amando e se encontrando e se delineando, no e de muitos inusitados lugares, no e dos fundos-rasos rios púbicos, dos tempos e dos espaços públicos, na e da impudica alegria democrática de dar pra qualquer um, ou qualquer uma; uma filha da puta busco que me ame a mim como a outro sem amar mais a mim que a outro e amando igualmente, embora diferente, visto que eu e o ou

transdado estético.

1 de margens, excesso de margens de centros: periferias, objetos simbolicamente desauralizados, assim talvez se faz para escrita poética, assim se faz constituição estética do anarquo-infinito-teodemonológico: modo de derrame de pauta, de branco, de vazio, de cheio, como manga que borra, porra, como beijo, pés em barro, como rio sem barranco, silêncio, como grito, estar dentro e fora, como uma velha boceta em rasura, em usura, em usar, libidinal; como mendigo em cama de casal, medieval; rua em tra vesseiro, viaduto; como criança rabiscando, assinatura de agora em agora de viver; como cidade sitiada pela ordem do bem vestido, do bem falante, do bem morado, do bem humorado, da elegância, do regime do muito, do muito arregimentado, espelho de carro 2 fechado no fechado sinal, vermelho sangue fora de corpo sem sangue de moleque pelado ao lado do lado, desladando, sem dando, sem dado, como se, num lance de desdados, a cidade, na rua, em algures, um menino e uma

É TERNA

para o fazer e o nada feito melhor será o guerreiro ato de enganar o vazio do vazio humano lançando a aparência contra a matéria e fazê-la projetar-se não como uma instituição de prescrições sim como uma flor é terna.

A fome

as digitais de sua fome percorrem a solidão, as nossas, de auroras de encontros, de vitaminas de abraços, de proteínas de sonhos libidinais, sociais, espaciais, faciais, amais percorre a solidão de sua fome as digitais de sua solidão, a fome é o nome o nome é a fome de nomes, no homem, a fome no estômago dos afetos do mundo não tem fim a fome nos mata nos massacra, nos ataca, nos emplaca, nos desata, nos ata, nos, a fome nos estômagos dos olhos, nos estômagos do sexo, nos estômagos dos ouvidos, nos estômagos da boca, nos estômagos dos lábios, nos estômagos da pele, a fome nos estômagos do coração a fome na miséria. a miséria é o estômago de todas as outras fomes. a fome parte de um lugar, tudo parte de um lugar, um corpo, uma sensação, uma podridão, uma sacanagem, tudo parte de um ponto, o ponto é a viagem. a viagem é o ponto aberto ao infinito do ponto de onde se parte. a parte é a sinergia da não parte. a parte é arte é ar de outros ares. não há parte, não existe o ar da arte a arde

girassóis

gira nos sóis da lua cheia os lençóis de seu abraço de nudez de cheiros, de boca de lábios de digitais de encontros da assinatura de seu segredo de cabelos de maquilagem de perfume de umidade vaginal do mesmo outro sumo de sua língua a vulva de sua uva é vinho de musa que me abusa de lamber de sua fala de seu olhar de sua bunda de sua rotunda vontade de retumbar os tambores de seu pulso de seu impulso de seu fluxo de seu refluxo de vento que uiva o impossível o silvo do inverossímil no sangue de sua incrível milagrosa e pecaminosa presença religiosa de populismo de fundamentalismo de terrorismo porque amar você é entender os motivos dos ismos do ímã de todo grito da força de todo agito da luta em todo rito da agonia dos aflitos esses que, no desespero e na lascívia são o espírito a vagar divagando no despenhadeiro cantando de outros canteiros adubando ninhos de bandos nos recantos de todos os encantos de sementes dos óvulos de semens tão aqui, no encontro dessas viagens de nossas

poesia

nunca mais fazer poesia, é inútil. retifico, sempre fazer poesia, não é útil, começo no fim, a última, a poesia, fora da fila das ilusões de tudo quanto é + o mais gozar da morte, a ressurreição do menos, o rosto da miséria, a lepra de Aleijadinho, a dor alegre do sim no não, ao pão, ao arroz com feijão, na carne viva, a viver, na catinga da putrefação, seu sonho no nariz dos olhos da velha nova solidão, a de estar aqui, em qualquer chão, só, com a multidão, acompanhando os fantasmas da comoção, o retorno da amplidão, da lentidão, dos passos famintos do coração, a impulsionar o sangue pelo corpo da alma da emoção da recusa, do esquecimento, da inclusão, semente enterrada, na exclusão da atenção, do olhar, da escuta, da fala, do banquete dos poucos, música no inferno, pela alegria de peles, em percussão, cérebros viscerais, em tesão, órgãos libidinais de ritmos, em ação, batuques acústicos da imaginação volátil de perfumes de dedos, de tatos, de atos, e de mãos, em ataduras de ú

utópica pica

para daniel alberto se eu tivesse sua pica poderia xixi fazer no tijolo esburacado, da entrada do seu prédio e ver com alegria incomparável todo meu xixi do outro lado sair, como se eu fosse todo maleável entre mim e meu pinto, a cachoeira a parir, se eu tivesse sua pica ingovernável, rios de semens fecundariam, no entrar e no sair, imperturbável, os óvulos de risos que nos amariam se eu tivesse seu pinto, hillary clinton, falsa pretendente, a governar o império de minha pica, como presidente, abandonaria, bastasse um pedido meu o lobby dos sionistas, marcha marcial, e só quereria o dinheiro del Banco del Sur pra sua campanha presidencial tal o seu amor, se eu tivesse sua pica por meu tesão demencial, ah, não me digas, se eu tivesse sua pica, o império do meu pau, não me considero mau, não seria, te juro, patriarcal, nem totem nem tabu teriam te juro, no império de meu pau, aqui e ali eu brocharia, no império do meu pau, frágil e fraco, ser eu também seria e deveria e me faria e fe

SE

se tivesse o poder de mudar destinos de salvar desesperados de trazer alegria a toda tristeza de saciar as fomes todas: concretas e abstratas corporais e almais se tivesse o poder de escutar, de ser o ouvido do mundo, de provar, de ser o paladar do mundo de olhar, de ser os olhos do mundo, de tocar, de ser o tato do mundo, de cheirar, de ser o olfato do mundo se o poder tivesse de acumular-me de todas as experiências sexuais intelectuais, corporais, relacionais, individuais, de ser todos e tudo multitudinais: paralelas e meridianos imaginários da terra de todos: totais de ser pai, de ser mãe, de ser filho, de ser filha, de ser neto, neta, esposo, esposa, amante, bastardo, puta, heterohomossexual, índio, negro, amarelo, mestiço, branco incompletamente completo, e vice-versa imperfeitamente perfeito, e vice-versa, erradamente certo, e vice-versa. de iludir e ser iludido, de seduzir e ser seduzido de ser bom se tivesse o poder de morrer e de

xoxota

No olhar-olho de suas digitais, ao acaso, na nuvem de chão de poros, o som de sua pele, intuo Em bílis-banho de um pensamento, o gesto de palavra alada, o oxigênio de seus passos leves, levitantes, no instante, sorvo a informe forma ventilada de sua nuvem, em céu, a delicadeza fulminante do instante de seu tato, em ato, tateando o último-primeiro relance inteiro de seu cheiro o sonho de suas mãos de enleio, incendeio o afeto de sua soltura de afetos na ação musical de sua dança de pinturas o erro fúlgido de seu acerto risco o cisco de espectro colorido, de luz espectral, sua pupila de sangue, a artéria--vicinal do invisível visível de sua alegria alegre, banqueteio os cabelos crespos de seus lábios, anarquofelizes, com o fim de todo fim, e o nascimento de todo renascimento, o agora oblíquo de sua voz, vivo a umidade palpatória do pulso de nosso impulso, Não conheço não, só simplesmente só afago ausente presença aragem viagem ramagem penugem do ar ar de seu olha

PêNdUlO

Depois de atravessar o inferno, esse paraíso Depois de atravessar o paraíso, esse inferno Depois de atravessar o sonho, esse pesadelo Depois de atravessar o pesadelo, esse sonho Depois de atravessar a ação,essa inação Depois de atravessar a inação,essa ação Depois de atravessar o novo,esse velho Depois de atravessar o velho,esse novo Depois de atravessar o outro,esse mesmo Depois de me atravessar o mesmo,esse outro Depois de atravessar a cidade,esse bairro Depois de atravessar o bairro,essa cidade Depois de atravessar a fome,essa saciedade Depois de atravessar a saciedade,essa fome Depois de atravessar o poema,essa prosa Depois de atravessar a prosa,esse poema Depois de atravessar o luxo,essa favela Depois de atravessar a favela,esse luxo Depois de atravessar o sim,esse não Depois de atravessar o não,esse sim Depois de atravessar o sexo,esse pau mole Depois de atravessar o pau mole,esse sexo Depois de atravessar o finito,esse infinito Depois de atravessar o infinito,esse finito Depois

universal do reino de deus

eu perdi tudo que tinha carro, casa e uma lavanderia meu marido arrumou uma amante meu filho ficou revoltado minha filha ficou grávida de um traficante cheguei no fundo do poço toda endividada cada hora era um cobrador diferente que batia à minha porta fui despejada dormi debaixo do viaduto da Praça São Vicente tentei suicídio aí então eu descobri a universal do reino de deus participei primeiro do GRANDE CONGRESSO DOS VITORIOSOS depois do OS 318 EM JERICÓ depois da SESSÃO DO DESCARREGO e também da do PONTO DE LUZ consegui convencer meu marido a ir comigo tudo mudou agora eu tenho um carro da minha firma um outro importado só pra mim acabei de comprar um outro zero quilômetro pro meu filho que trabalha comigo e já montou uma filial pra ele também comprei outro carro e uma casa pra minha filha que conseguiu, graças a deus, a converter também o seu hoje marido que não mais trafica e o meu marido hoje tem a sua própria frota de caminhões e de aviões é um homem fiel a deus e a mim sua ama

Mulher

“ Cuando la mujer está, / todo es tranquilo, lo que es/ - la llama, la flor, la música - / Cuando la mujer se fue, / - la luz, la canción, la llama – ¡todo! Es, loco, la mujer.” Juan Ramón Riménez: Jardines lejanos MULHER como dizer sobre o inusitado da força de uma fantasmática helênica troiânica helena, quando a aventura feminina é soltura no abismo, é equilíbrio dançante no susto do desequilíbrio , é contente incompreensível tristeza luzente, na superação instantânea da dor momentânea de estar humilhada, como mulhereda tourada pelada, inventada, pelo olho absorto do homem estupra(dor ) inveterado, com sua dolorida colorida dolorosa prismática priápica anestésica dórica colúnica fálica, narcísica, e cego para o alter ego existente e persistente, na pupila púbica, lúcida ausência múltipla, na forma-música, do coração rítmico, em sonhos míticos e em vozes místicas de outros lugares sísmicos, outros ares líricos, outros mares físicos, outros lares ritualísticos, outros

transdado estético.

1 transdado estético de margens, excesso de margens de centros: periferias, objetos simbolicamente desauralizados, assim talvez se faz para escrita poética, assim se faz constituição estética do anarquo-infinito-teodemonológico: modo de derrame de pauta, de branco, de vazio, de cheio, como manga que borra, porra, como beijo, pés em barro, como rio sem barranco, silêncio, como grito, estar dentro e fora, como uma velha boceta em rasura, em usura, em usar, libidinal; como mendigo em cama de casal, medieval; rua em tra vesseiro, viaduto; como criança rabiscando, assinatura de agora em agora de viver; como cidade sitiada pela ordem do bem vestido, do bem falante, do bem morado, do bem humorado, da elegância, do regime do muito, do muito arregimentado, espelho de carro 2 fechado no fechado sinal, vermelho sangue fora de corpo sem sangue de moleque pelado ao lado do lado, desladando, sem dando, sem dado, como se, num lance de desdados, a cidade, na rua, em algur

natal

a noite respira um murmuro suave a atmosfera alada escorre da pintura as casas, os prédios, as nuvens, o macio ilimitado no verde difuso de uma forma árvore, e um cão que não vejo, um menino e uma menina, na fome de fome de fome de nome o nome menino não come sobrenome, pois a sobremesa da casa em seus dentros de dentros de dentros não entro a menina no menino nem eles nos mesmos meninos sem fome, saciados de vontade de não comer na colher de rios, piques, pastos, ruas, vadiagens, chuvas, sóis, libidinagens, safadagens, aberturas abertas que pedem não infame fama, mas famintas clareiras a partitura de uma pintura feliz onde as cores na cor absoluta de sua não-parte ama arte de viver, aqui, ali, acolá, onde a noite leve acaricia a lonjura que recusamos de tanto comer sem nome, o sobrenome da falta de fome, e uma voz, sua música pouco ouvida, de outro lugar, e os passos, seus um pé e outro pé, e pé pé pé, esquerdo direito esquerdo, com um jeito-só-seu-de-conversar com outros

AMOR

um amor me pegou, tão estranho amor , tão-desalmado, tão-outra-coisa, que me levou sem mim, pra um lugar distante-aqui, que explodi-implodindo, e estava tão disperso em minha concentração distraída de mim, que me arremessava a favor do abismo raso de cair, sempre, sempre, dentro de um outro fora, voando ao caos, ao leu, desencontrado, por aí, o amor não é dor, dor é amar a gente mesmo, o amor é o desespero dos genocidas, das formicidas, o amor, engana-se quem pensa que morria, engana-se quem pensa que enlouquecia, engana-se quem pensa que sumia, engana-se quem pensa qualquer pensamento. o amor é impensável, e me achou naquilo que não existo, e nem posso, existir. o amor é resistir ao ser, é uma impropriedade, um desvio, um erro, um apesar da gente. o amor é o deserto do ego, é habitado por seres mutantes, um amor-fêmea, um amor-árvore, um amor-barata, um amor-verme, um amor-flor, manhã de noites, um amor-vento, um amor-sol, um amor-pedra, um amor-sem-nome, sem sobrenome, comum em sua

As mãos

“nada nas mãos: me disseram que havia uma guerra.” ( Carlos Drummond de Andrade, só tenho duas mãos vazias) minha mão é uma entidade estranhamente próxima, e no seu movimento espontâneo, sem que me detenho, coça a nuca, resvala no sexo, tateia a cabeça do pau, vassoura e escava, com suas unhas, uma caspa epidérmica na sola do pé, e, em riste, projeta o projétil do dedo indicador em direção às crateras do nariz, trocando-o pelo polegar, numa desenvoltura requintada, embora tenha, sem tesão, aprendido, com a educação dos cinco mil sentidos, a não, sem papel, vasculhar o cu, deixando-o só. minha mão abre e fecha, imitando o movimento do coração. no entanto, ela não remete, pelo corpo, o sangue, ela, no seu abrir e fechar tensionados, prende e expulsa o ar sangüíneo do impossível, e logo o, ilusoriamente, recupera, como se segurasse, num jogo inconsciente, e soltasse, futuras apreensões e libertações, ou apenas se lembrasse de passadas contenções ou frustrações materiais e afetiv

salvação

minha saúde é o desespero de saber que a vida é agora e que não tem outra hora, além desta aqui lá fora meu desespero é minha saúde de ver tudo tão perto mulheres, mulheres e mulheres além de mulheres no Matriarcado de Pindorama e ter que conviver com o princípio de realidade a fome, a repressão, a autoridade não e não e não nesse turbocotidiano de dínamos castrados de tédio de futurismos motorizados de ódio de design arrojados das posses de nosso ócio de não realizar o divórcio do opressor com o repressor com o agressor com o sucessor agredido no grito calado, ignorado do oprimido no reprimido no ofendido em todos os trezentos e cinqüenta eu sou trezentos esquisitos esquecidos nos becos dos pesadelos dos ricos meu desespero é meu mal de viver com o normal que sanguessuga a energia de meu pau através dessa incrível solidariedade, insuportável fidelidade, entre as mulheres contra as mulheres a favor de nomes que distribuem fomes nas bocas auditivas desses olfatos tatuados de visõe

Idades

quero ter todas as idades, ser velhíssimo , vetusto, milenar, pré-histórico, mineral, as vísceras primevas dos começos, quero que digam e ajam em mim, os futuros últimos dos últimos úteros do infinito passado, ir fundo no fundo sem fim do poço dos tempos e alcançar os espaços das encruzilhadas do muito antes e do muito depois de todas as impossibilidades inexistentes, abraçá-las, beijar seus lábios, sugar suas línguas, sem míngua, sem íngua, e puxar pra mim o que poderia ter sido e nunca foi: as eras geológicas improváveis, os seres todos que começaram, esboçaram, se insinuaram, e pararam, por um motivo qualquer, de acontecer, de tecer os seus jeitos de ser, quero ser velho, velhíssimo, ancião, o Noé patriarca de uma diversa arca, a salvar do dilúvio todas as espécies lúdicas, lúcidas em suas músicas e em suas túnicas de serem únicas, em suas guerras púnicas a favor do louvor do amor de combater a dor de todo terror; quero ser o Adão adâmico sem culpa, sem desculpa, me deixando le